Debaixo da forte probabilidade do argumento abaixo vir tornar-se em mais um daqueles devaneios que apenas espelham a impressão moral do narrador e inclinando o nevoeirento raciocínio para uma espécie de “lógica da batata”, atrevo-me inquietamente a manifestar-me perante a notável e iminente “falta de pica” instalada no ego dos portugueses, face ao agora iniciado mundial de futebol na África do Sul.
A expectativa, a ansiedade, tudo aquilo a que estávamos habituados a sentir no imediato que antecede os campeonatos do mundo de outros tempos, submeteu-se aos climas de medo; submeteu-se à mistura de política doentia com desporto opulento, recheado de engraxamento ao capitalismo. A suposta euforia entendida como normal para esta época, perante os factos, esvaiu-se em traumas carregados de incertezas face à realidade do presente e à especulação vindoura. É verdade, a peneira disfarça mas não tapa o sol. É também notável que na própria comunicação social existe uma diminuição na cobertura desta já decorrente paródia futebolística. Ou será apenas sensação minha, ou anda tudo com “falta de teson”!...
Desta forma, os eufóricos festivais repletos de autenticidade e de alegria desportiva, que unem raças e que proporcionam um mês de elevado grau de adrenalina, têm efectivamente vindo a perder terreno. As mentes depressivas, resultantes da negra realidade, tornaram o povo pessimista. A crise económica, a situação que o país atravessa, junta-se ao receio de que possa estar o governo a preparar outro “caldo fiscal” para implementar em altura que estejam desviadas atenções. A suspeita é elevada, o passado recente já comprovou tal verdade. Povo enganado!... Viva a crise! Vivam as vuvuzelas! Viva Portugal!...