Terça-feira, 20.07.10

Atouguia, fundo do vale: Calvos pequeninos – nus de pele branca

Na Calheta, antigamente, quando a era do desenvolvimento regional e quando a aproximação rodoviária ao centro da ilha, Funchal, ainda era um mito, as populações da localidade contentavam-se com modos de vida mais sedentários. A essência da maioria dos calhetenses ministrava-se de forma bem mais original, regia-se o dia-a-dia por costumes e tradições próprias de uma terra, na época, ainda pouco exposta ao consumismo. Os dias de hoje, controlados pelo capitalismo, por si só, ameaçam a garantia de um futuro sustentável para as gerações vindouras, criam a pavorosa dúvida sobre a estabilidade do futuro, criam a iminência atroz que horroriza as mentes já receosas. Tudo que acaba por omitir a beleza natural que esta ilha nos oferece, tudo que esconde o lindo clima que esta pérola nos proporciona…

 

Ilustres piscinas naturais, que estais hoje expostas ao abandono; para muitos, nunca cairás no esquecimento. Ó formosuras espalhadas por vários pontos do caudal da ribeira, dona de vale fundo, compostas por declives e quedas de água: fostes vós consideradas autênticas “escolas de natação”, as testemunhas “oculares” do tronco nu de muitas crianças; muito que, por várias gerações, fostes consultadas. Por filhos, por pais e… por avós!...

 

Desde os nove anos de idade, a adesão diária ao mergulho, em época de verão, fazia-se em massa. Rãs no imediato, nem vê-las! Estes “sapos da poça” eram de penugem, que na tenra idade, os cabelos, apenas se contavam sobre a cabeça; calvos pequeninos – nus de pele branca. Eram estes utentes, os menores, responsáveis por aquele barulho ao fundo do vale, os responsáveis pelas pranchadas na água acompanhadas pelos gritos jovens e pelo barulho da corrente. Ouvia-se cá de cima! Eram os “artistas”, autores, dos prejuízos nos terrenos de feno abundante que circundava o leito do caudal. As fugas à pedrada, proveniente dos seus donos impertinentes, eram encaradas, pelos pequeninos, como porfias desportivas. As fugidas a jusante do percurso de água, de pés descalços e sobre o irregular monte de calhaus, eram o “prato do dia” composto pela adrenalina elevada e pelo “salve-se quem puder”, vista pelos pequenitos como “cereja sobre o bolo”, após a fadigada tarde de fanfarras na zona. Seguiam-se os ataques aos frutos silvestres; as papaias, as amoras, os tabaibos, as nêsperas, pouco lhes dava o bicho!... O regresso era já à noitinha, a mancha molhada, no rabo, era o único que transparecia de mais um dia de piscinas naturais dos calvos pequeninos – nus de pele branca…

 

A foz do vale acentuado, ladeado pela falésia que sua base, hoje, se assemelha ao Rio de Janeiro, por estar coberta de quadrúpedes e de areia amarela que no Inverno espelha o seu medíocre valor pouco, ou nada, condizente com o traçado original da referida enseada, fruto de pedregulhos caídos do acentuado rochedo que ainda hoje ameaça descambar sobre a ingenuidade humana!... Foi, naquela época e na sua versão mais original, o destino que sucedeu as poças da ribeira dos então já grandinhos!...

 

- Quirino Vieira.

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"Poça da laja" - Ribeira do Lombo da Atouguia - Calheta, ilha da Madeira.

 

 

 

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Domingo, 30.05.10

Exposição: "arte pública-Lonarte" na praia da Calheta

 

 

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Sexta-feira, 28.05.10

Grande homenagem a Max em Outubro

 

"Maximiano de Sousa, conhecido por todos como Max, receberá no próximo mês de Outubro «a merecida homenagem pública, regional e nacional», por ter sido um dos representantes máximos da canção, do humorismo e do próprio Fado.
As datas do evento “Max-A Grande Homenagem” ainda estão dependentes das entidades nacionais e regionais, mas tudo aponta para a terceira semana do mês de Outubro. Para a realização do programa, foi constituído o Núcleo de Homenagem ao Max que é formado pelos fadistas Carlos Amaral e Manuela Nobre e ainda pelo jurista Rogério Sousa. Este grupo tem como «objectivo o de levar a cabo a grande homenagem à figura de Maximiano de Sousa, o grande Max que, penso eu, como milhares de portugueses, nunca foi homenageado categoricamente e que está esquecido, sendo apenas lembrado com a “Mula da Cooperativa”», lamentou Carlos Amaral.
Para a consagração definitiva da figura de Max, o Núcelo enviou um pedido à Presidência da República para que o artista madeirense seja agraciado, a título póstumo, com uma Ordem Honorífica, «não inferior à que foi entregue à grande diva do fado, Amália Rodrigues». Será ainda solicitado ao representante da República na Madeira, que esta cerimónia de entrega da comenda seja feita no Palácio de São Lourenço.
A colocação de lápides no edifício onde Max nasceu e uma outra onde viveu está no programa de actividades, bem como a deslocalização da estátua do artista situada na Zona Velha da cidade. Carlos Amaral salienta que esta mudança é essencial, porque neste momento não se está a dignificar o artista, «não por culpa do Governo Regional, porque a escultura está esplêndida, mas pela localização, por isso irá ficar à entrada da Zona Velha, junto à muralha, virada para a Rua D. Carlos I». A figura de Max está incontornavelmente ligada àquela zona da cidade, porque foi ali que viveu, trabalhou, começou a vida de artista «e experimentou os primeiros sinais de uma morte desonrosa», pois «o seu povo não o ajudou». Então, acrescentou, «damos uma oportunidade à Região de prestar a mail alta expressão da homenagem», salientou Carlos Amaral.
A iniciativa terá como pontos altos dois espectáculos no Teatro Baltazar Dias com «muitas surpresas», disse Carlos Amaral sem querer adiantar mais. Os eventos serão abertos a convidados e à população em geral, «porque esta homenagem é de todos e para todos e para ele em específico».
Um blog sobre a iniciativa (http://maximianodesousa.wordpress.com) foi ainda criado e foi também solicitado à presidência do Governo Regional um dia de tolerância de ponto ou feriado em honra de Max. Tudo para enaltecer um homem humilde que «pedia licença para cantar e desculpava-se por ter cantado». Assim era Max antes e depois dos seus espectáculos, mas que fez 170 letras sem saber escrever. “Pomba Branca”, como símbolo de liberdade, será o hino deste grande acontecimento."

 

Fonte: Jornal da Madeira

 

 

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Sábado, 01.05.10

1º de Maio, Prazeres. Festividades comemorativas do Dia do Trabalhador

Apesar de estar uma tarde excelente para uma ida ao campo municipal da Calheta, nos Prazeres, e assim colorir o ambiente festivo que desde há muitos anos este local, neste preciso dia, nos habituou. Hoje fiquei com a sensação que nos tempos da "peladinha" a comparência de público ao evento, em tarde de variedades desportivas, fazia-se em maior escala... Leva-me a crer que a malta jovem de hoje, adepta dos piercings e da moda das calças caindo pelo rabo abaixo, está mais inclinada para a agricultura virtual (farmville) sedeada no ilustre facebook...

 

Final do torneio de futebol inter-Freguesias do 1º de Maio, Prazeres-Fajã-da-Ovelha...

 

publicado por qvieira às 16:22 | link do post | comentar
Sábado, 17.04.10

Engenhos da Calheta

Decorre este mês o processo sazonal de moagem da cana-de-açúcar na Calheta. Já o ano passado, aqui, havia colocado um apontamento sobre este factor identificativo tradicional da Região...

 

 

 

 

 

 

 

 

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Quinta-feira, 01.04.10

Proporções da natureza

Rabaçal, 01/04/2010

 

 

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Segunda-feira, 15.03.10

Temporal na Madeira, Calheta-1979

Se espreitarmos por aqui  podemos ver que em 1979 a Calheta foi alvo de um forte temporal. A força das águas das ribeiras destruiu várias pontes e estradas...Lembro-me que pelo menos duas pessoas perderam a vida devido a deslizamentos de terras. Na altura tinha eu 5 anos... Tenho, também, em memória que fui um dos desalojados devido às fortes chuvadas e invasão de águas provinientes de uma ribeira que transbordou o seu percurso normal...

publicado por qvieira às 15:43 | link do post | comentar
Sexta-feira, 12.03.10

Ossos de ofício

Restauração empresarial na Calheta: Este jornal testemunha claramente a estratégia de marketing usada no "papel de embrulho" para propagação da ideia que na Calheta o empreendedorismo ainda é encarado de forma optimista!...

 

 

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Quinta-feira, 04.03.10

Alertas vs Pânico

As catástrofes naturais nos últimos tempos têm de facto, e cada vez mais, assolado os habitantes do nosso maravilhoso planeta. Mas, numa perspectiva global, também não nos devemos esquecer que grande parte dessas tragédias resume-se apenas em manifestações naturais, da natureza, no seu próprio “habitat”. Nos casos como o do passado dia 20 de Fevereiro na madeira, o volume de distúrbios, das mortes a lamentar, das cicatrizes dolorosas que ficam cravadas para sempre nas memórias daqueles que viveram de perto o infortúnio provocado pela intempérie, é proporcional aos sucessivos erros humanos que se teimam em cometer e que embravecem a índole devastadora na periferia dos caudais das ribeiras, quando em tempos de elevada precipitação, estas, se manifestam. Estamos cientes disto… Somos todos os culpados!

Os alertas meteorológicos responsáveis pela informação antecedente relativa a agravamentos no estado do tempo, muitas vezes só são verdadeiramente levados a sério no sucessivo ao acontecimento, e geram, por vezes, comportamentos que espelham o produto de mentes, nossas, ingénuas, de portugueses que só se acautelam depois de estar o mal feito. O alerta amarelo de hoje à tarde não foi excepção, o pânico desnecessário causado por este aviso e que se notou no trânsito automóvel, nas zonas circundantes e acessos ao Funchal, só veio aumentar riscos devido ao estado de piso escorregadio, no que toca à forte probabilidade de haver acidentes alheios às precauções a tomar, diligenciadas pelos emissores do alarme. As enxurradas provocadas pelas correntes de água que galgam os seus leitos só voltarão a acontecer se voltarmos a invadir o que por direito à natureza pertence!... Portanto, calma_aí!…Chover no inverno é normal!!
publicado por qvieira às 22:45 | link do post | comentar
Quarta-feira, 10.02.10

Ponte da Ribeira-Funda, Prazeres

 

 

Quem circula por ali com frequência verifica facilmente, com o passar dos dias, que a ondulação do pavimento agrava-se. As almas supersticiosas, alucinadas pela recente exposição de arrelia política, suspeita de mau exemplo e utentes do trajecto cientes da perversa altitude da referida ponte, em épocas que São Pedro afigura-se como único cumpridor de tarefas, a sensação de atravessar dos Prazeres para o Estreito da Calheta é equivalente àquela que sente o Cardozo quando nos pénalties decisivos atira bolas às bananeiras…

 

 

publicado por qvieira às 16:13 | link do post | comentar

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